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Louca/Estranha/Anormal/Distante/Fria/Egocêntrica E muitas outras mais... Autora de Angelus, Tokyo Revivers e A Cor da Lágrima, codinome: Horigome Namika

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

wispy-urban-sunset

Desde que nascera, Agatha foi criada temente aos deuses que regiam aquela terra. A Deusa-Mãe, mãe de todas as criaturas vivas na Terra, protetora da família, do casamento. O Deus-Pai, criador de tudo o que é visível e o que não é visível. O Deus Sol, amigo da humanidade, protetor da luz, da sabedoria e da vida. A Deusa Lua, deusa das trevas e da escuridão.

Dizia uma antiga lenda, que o Deus Sol se apaixonou por uma mortal e teve com ela quatro filhos: Terra, Água, Fogo e Ar. Cada um era patrono de um país, e deveriam coexistir em harmonia.

- Mas não há harmonia nesse mundo, não é mamãe? – contestava a princesinha – Porque o Império do Fogo é dono de todos os outros países.

Ela, que sempre acreditara nos deuses, agora duvidava de sua existência. Se os deuses fossem piedosos e gentis, por que deixariam seus filhos sofrerem tanto?

O sol começara a se pôr, quando a jovem chegou às portas de um povoado à beira de uma vale desabitado. Algo ali parecia diferente de todas as paisagens que já tinha visto na vida. As estrelas pareciam iluminar o céu com mais força, e os ventos brilhantes dançavam por sobre o povoado.

Cruzou o arco de pedra, onde uma estátua de bronze posava com altivez. Apesar de saber apenas que estava em um lugar longe, não imaginava que seria extremamente provinciano.

As pessoas, principalmente as mulheres, vestiam-se de modo luxuoso. De longe, era possível notar o brilho das jóias, das pérolas, a elegância das vestimentas. Logo, a presença de uma garota maltrapilha foi notada pelos habitantes.

Andou pela avenida principal. Nenhuma daquelas construções parecia-lhe viável economicamente. Afinal, Agatha renunciou ao seu título, ao seu luxo e apenas vagava pelo mundo perguntando quem seria.

Chegou à porta da mais simples estalagem da rua principal. Era um sobrado caiado com desenhos em relevo na madeira clara. Por dentro, motivos florais decoravam o papel de parede cor de malva. Elegantes poltronas cor de creme completavam a sala, marcada pela mobília de madeira claríssima.

- Quanto é o quarto? – perguntou Agatha à atendente – O mais simples, por favor.

- Duas moedas de cobre!

Agatha tirou da velha bolsinha de tecido ordinário algumas moedinhas e deu à moça. Recebeu uma chave delicadamente floreada com ouro e cobre.

Ela levantou cedinho, não por vontade própria, mas pelo barulho que as pessoas faziam pela estalagem e na rua secundária onde seu quarto tinha vista. Ao contrário do que pensara, a cidadela era vívida. Espiando pela janela, viu uma grande movimentação de pessoas pela rua.

Desceu, e foi até a rua. Perguntar aonde estava, que cidade era aquela e de quebra descobrir a razão daquele alvoroço.

- BIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII!!! – Agatha ouviu um barulho de sirene ou buzina por alto. Quando recobrou a consciência, estava deitada sobre os braços de um rapaz, não muito mais velho que ela.

- Moça, moça! Moooooçaaa! – ele gritava, sacudindo-a nos braços, como se a agitação fosse ajudá-la a se recompor.

- O q-? Que? Aiii! – Agatha levava a mão à cabeça, enquanto o rapaz a carregava dali.

 

Ele a colocou num sofá cor de pérola muito fofo. Enquanto o garoto buscava algo dentro e gritava pelo avô, Agatha aproveitava para reparar na casa ricamente adornada com madeira talhada e relevo em formas marítimas. O garoto voltou logo depois trazendo uma taça com água, empurrando-a na garganta de Agatha.

Pela primeira vez, ela percebeu as suaves feições do jovem. Ele tinha um cabelo castanho avermelhado, um tanto quanto bagunçados e cujas pontas estavam um pouco chamuscadas. Seu rosto era de um oval quase perfeito com bochechas muito salientes e salpicadas de sardas pequenas.

- Pronto, você ficará bem. Agora diga alguma coisa. Por favor!

- Estou bem, obrigada. – respondeu Agatha, frente ao nervosismo do garoto – Sério!

- Qual o seu nome?

- Err, o meu nome… – Agatha pensou um pouquinho antes de responder – É Lena, Lena Brown.

- Ok, senhorita Brown. – o garoto deu um risinho aliviado – Por favor, fique aqui, enquanto eu chamo um médico.

- Não precisa. Realmente estou bem.

- Não é daqui da cidade, é senhorita Brown? – perguntou.

- Acho que dá pra notar né?

- É… a propósito, meu nome é Ezequiel.

Segundos depois, apareceu um velho. Uma espécie de predição de Ezequiel cinquenta anos depois. Tinha os cabelos inteiramente chamuscados e vestia um avental branco sujo com substâncias verde neón. Era uma figura totalmente amalucada.

- Quem é essa mulher, Ezequiel? Sua namorada?

- É a senhorita Brown, vovô. – respondeu Ezequiel, vermelho – Eu bem… a atropelei ainda há pouco.

- Pois trate bem dessa moça. Nós não vamos querer que algo aconteça a ela.

O velho limpou as mãos e entrou pelo corredor interno. Ezequiel virou os olhos para a visitante, tentando dar alguma satisfação diante de sua expressão perdida.

- Essa é a cidade de Preteus, caso ainda não saiba.

Logo depois, alguém bateu freneticamente à porta. Ezequiel atendeu e por ela entrou um rapaz com mais ou menos a idade de Dimitri usando uma bela farda azul marinho e alguns emblemas.

- Bom dia Ezequiel. – saudou, tirando o quepe – Que semaninha agitada, hein?

- É…

- Então, vim pra pegar a colaboração da sua família.

Agatha notara que ele era muito, muito bonito. Tinha cabelos muito escuros e olhos de um azul muito profundo. Seu rosto tinha zigomas bem definidos e expressões muito fortes. Teria sido um homem que deixaria até Vicky Valentine excitada.

- Quem é ela? – perguntou o homem, se referindo à Agatha – É sua namorada?

- Não. Eu apenas a atropelei hoje de manhã.

- Ela é muito bonita. – continuou o rapaz, tão naturalmente como se ela não estivesse ali – Se não quiser um romance com ela, poderia apresentá-la a mim.

- Pegue, Artur. Dê o fora, agora!

Artur, o rapaz de farda azul, pegou uma sacola de tecido e conferiu algumas peças. Agatha estava longe, mas viu que eram de ouro puro.

- Então? – disse Ezequiel.

- É, está tudo aqui. Mas e quanto…

- O que foi?

- Não vai mesmo nos apresentar formalmente? – insistiu Artur – Eu e a garota? Quer dizer que pretende iniciar um romance com ela?

- Saia daqui!

Artur fechou a porta com grande insatisfação. Ezequiel resmungou algumas palavras, antes de dizer algo à Agatha.

- Desculpe pela atitude do comissário Artur Negill. Ele está sempre interessado em garotas atraentes e… quer dizer… não ache que esta é… não… não quis dizer que a senhorita não seja.

- Não se confunda.

- É… desculpe…

- Esta é uma cidade muito farta hein?

- Sim. Temos sido abençoados pela Deusa nestes últimos anos. Só graças têm ocorrido a nós.

- Deusa?

- Sim. A Deusa Noite tem sido muito bondosa. Antes, nossa cidade era pobre e recebia pouquíssimos recursos do Reino Suspenso do Ar. Hoje, temos fartura em tudo.

- Então quer dizer que não acreditam nos outros deuses? Digo, no Deus Sol, no Deus Ar, o grande patrono da nossa terra.

- Os deuses nos abandonaram, senhorita Brown. Apenas a Deusa Noite lembrou de nós.

- NÃO BLASFEME CONTRA OS DEUSES, EZEQUIEL!!

Uma voz grave originara-se do interior da casa. Era, outra vez, o avô amalucado de Ezequiel.

- Não vou permitir que você seja mais um dos iludidos.