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Louca/Estranha/Anormal/Distante/Fria/Egocêntrica E muitas outras mais... Autora de Angelus, Tokyo Revivers e A Cor da Lágrima, codinome: Horigome Namika

terça-feira, 24 de agosto de 2010

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O relógio tiquetaqueava no ritmo de seu coração. Ivan Gardner não queria admitir, mas para Lua, mentir parecia impossível.

- Xeque! – anunciou quando finalmente concluiu a jogada. Avançou um de seus bispos e ameaçou o Rei da adversária.

Lua virou o jogo numa jogada bem simples… utilizando sua rainha, capturou o bispo de Ivan.

- Chega! – Lua, de personalidade intempestiva, decidiu terminar o jogo ali, quando melhor lhe conviesse.

Ivan atendeu ao seu pedido e largou a peça em qualquer lugar. Lua desceu do trono e ordenou a uma de suas criadas que lhes trouxessem bebidas…

- O tempo está passando Ivan! Sabe que ele não é conveniente nem pra mim nem pra você!

- Estou precisando de mais almas Lua! A República deve cair primeiro!

- A República está em ruínas, Ivan! Porque não a derrota de uma vez?

- Porque eu tenho um plano…

A sala de reuniões era a maior do Castelo. Imitava em grande parte a sala em que se reunia com Lua. Pilares de concreto com dragões expelindo fogo, um grande mapa do mundo em alto relevo indicava a localização de todas as tropas. Ao redor, todos os generais, o ministro de Guerra e claro, a presença ilustre do Imperador.

- Vita eternus et Pium!

- At Pium eternus!

Ivan congratulou todos os seus generais pelas sucessivas conquistas. Oliver, é claro, recebeu grandes honras.

- Estamos chegando à capital, Meu Imperador, logo estaremos às portas do grande planalto.

- Nossa situação é favorável com os deuses, Meu Imperador?

- Os deuses?? EU sou o Deus desse mundo… os deuses temem a mim!

Todos se calaram. A arrogância e prepotência de Ivan eram conhecidas por todo o Império. Muitos ainda temiam os deuses, principalmente os velhos. Mas Ivan os desafiava sem pensar. Inicialmente se intitulava o enviados Deles, décadas depois, se dizia mais forte que os próprios deuses.

- Quero a cabeça do Rei da República da Terra em minhas mãos o mais rápido possível!

- Em alguns meses o senhor a terá!

- Meses? – Ivan riu sarcasticamente – Quero em semanas!

Assim que a longa reunião acabou, restaram na oca sala apenas o filho e o pai, o que há muito não eram. Oliver era o defensor, o sucessor, a continuação da maldade ardilosa do sangue ardiloso de seu pai.

- Como estão suas fontes sobre a Princesa?

- Pensei que ela não era mais importante… – Oliver tentou dissuadir o pai. Não era de seu feitio e também não tinha paciência de perseguir uma princesinha inútil. Mas pensou melhor: não era agradável contrariar o pai – Digo, meus contatos me informaram que ela voltou pra casa com a ladra do deserto e com a aldeã do País da Água.

- Quero ser informado sobre tudo. Qualquer passo que essa pirralha der!

- Pai… – Oliver interrompeu o pai, sabendo quais as consequências que poderia enfrentar. Não era da natureza de Ivan ser questionado – sobre qualquer coisa – e muito menos de perdoar a quem o desagradasse – Por que o interesse nessa garota?

- Enfim, chegou a hora de lhe contar tudo! – convenceu-se Ivan, e, puxando o filho pelo ombro, encarou bem seus olhos e disse-lhe firmemente.

- Essa garota quer arruinar o nosso Império.

Bem distante dali, a menina brincava com a água crsitalina em suas mãos e o com o calor do sol dourando um pouco a pele muito branca de anos confinada em um castelo.

- Não vai me desculpar mesmo né? – perguntou Vicky mais uma vez, enquanto Agatha jogava água em Boo.

- Eu achei que você já tivesse mudado essa sua personalidade de sempre ficar roubando as pessoas!

- Péééé – Vicky emitiu uma onomatopeia imitando uma campainha – Resposta errada, docinho! Eu não roubei ninguém de você, porque o Dimitri nunca foi seu! Se alguém tinha de reclamar era a Lara…

- Não complique mais a situação Vicky! – aconselhou Lena – Esta não é a postura de alguém que quer ser desculpada.

- Não vai dar… – divagou a princesa, que agora, fazia tranças, em vão, no cabelo de Boo – Eu não posso simplesmente ignorar isso.

- O quê que você não pode ignorar? – perguntou Vicky, olhando confusamente para Lena, que também parecia não ter entendido.

- Tudo… – continuou a princesa – Eu preciso saber o que realmente aconteceu, preciso ir atrás dos fatos.

- Não diga nada filha… – tentou intervir a Rainha.

- Por favor, Vossa Majestade… eu preciso que me deixe seguir com a minha vida em paz.

Amélia tentou abraçar a filha, mas estagnou onde estava ao ver que a ruiva recuara alguns passos e se posicionava atrás de Boo.

- Não posso continuar enganando o povo com isso… muito menos ser ignorante mais uma vez na vida.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

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O fogo criptava. Chamas bailando pela escuridão nefasta. Acima dela, somente as estrelas e o ulular do vento frio da noite primaveril.

As duas amigas foram chamadas às pressas. Todos à postos, procurando uma princesa angustiada, com um coração sangrando. Lena parecia confusa e perdida… não era segredo que Agatha não amava seu noivo, mas por que fugir depois de algumas semanas? E por que não comunicou nem a ela ou à Vicky? A loira, por sua vez, não deixava de sentir uma ponta de remorso por dentro, mas mal sabia conhecer apenas uma parte da verdade.

Três dias já haviam passado. O frio da viagem já chegava-lhe no corpo. Não comia ou bebia desde que saíra do palácio. Suspirou aliviada ao chegar a seu destino.

Uma criança aproximou-se a passos pequenos e vagarosos. Abriu apenas um pequeno sorriso ao vê-la ali. O corpo pequeno e frágil da princesa, os cabelos vermelhos dançando com a brisa, mas as mãos… chamuscadas, vermelhas, como que queimadas por fogo. Pegou-a no colo sem grandes dificuldades e trouxe-na para dentro do templo, onde poderia tratar suas feridas…

No jardim real, Vicky tentava acender, em vão, um cigarro, mas suas mãos tremiam a cada vez. Quando finalmente conseguiu, seu cigarro foi tomado por outra pessoa e esmagado no chão.

- Ficou doida, garota? – brigou Vicky – Cê não tá vendo que eu tento fumar há horas?

- Não precisa disto, Vicky, e você sabe…

A mulher parecia ter mais ou menos a idade da loura. Mas sua aparência se assemelhava a uma ninfa, uma ninfa de pele e cabelos negros.

- Não deveria tentar sua amiga?

- Nem sei se ela ainda me considera como amiga.

- E você? A considera?

- Do que adianta? – Vicky continuava desanimada – O país é grande demais! Ela pode estar em qualquer lugar!

- Confio em você, srta. Valentine.

Sem mais, a mulher desapareceu por entre os arbustos. Logo depois, surgiu Lena.

- Com quem estava falando? – perguntou a morena.

- Uma das serviçais do palácio… o que você quer?

- Estive pensando no porquê dela ter sumido assim, de repente.

- Vai ver que deu na telha! – disse Vicky, tentando dissipar o assunto.

- Não. – discordou Lena – Tem alguma coisa a mais… Agatha não fugiria sem nenhum motivo.

- Ah vai Lena! – ponderou Vicky – Agatha não é exatamente uma pessoa madura…

- Vicky, você sabe de alguma coisa né? – palpitou Lena – Devíamos contar à Rainha! Ela está sofrendo tanto!

- Nem você nem eu podemos fazer nada!

- Ela é nossa amiga Vicky! – insistiu Lena – Agatha sempre se mostrou generosa com os nossos erros e nos ajudou! Por que não podemos ajudá-la?

Vicky cubriu o rosto com as mãos. Algumas lágrimas escorreram pelas palmas. Lena permanecia atônita enquanto tentava formular um pedido de desculpas. Mas surpreendentemente a loira levantou-se e tranformara seu semblante um determinado e decidido.

- Lena – disse, firmemente – Quando foi que você viu a Agatha pela primeira vez?

Lena passou a mão pelos cabelos, como se a memória fosse algo palpável.

- Eu não lembro direito… a Agatha tava caída… e… – Os olhos de Lena iluminaram-se – Vamos buscar a Rainha.

Apesar daquele ser apenas o seu quarto dia, o terceiro consciente, Agatha o (a) chamava de Boo, já que esse som era o único que ele (a) emitia.

- Pensei que o Exército do Império do Fogo havia destruído esse lugar! – exclamou Agatha – Mas ele parece intacto! Você sabe o que aconteceu?

Boo não respondeu. Apenas pegou suas mãos e a levou para o cume do templo. Lá havia uma grande sala redonda com muitas estátuas antigas.

- Boo… – Agatha chamou-lhe a atenção – Você ainda não respondeu minha pergunta…

- Tudo ficou escuro por segundos, o suficiente para deixar Agatha apavorava. A luz voltou em seguida. No bolso direito do casaco da princesa apareceu um velho pergaminho. Agatha o abriu e leu. As chagas de suas mãos, feridas pelo fogo que conjurou durante a viagem, abriram-se e banharam de sangue suas vestes. Letras começaram a aparecer, como se a tinta fosse seu próprio sangue. Agatha largou o pergaminho no chão enquanto Boo reapareceu na sua frente, fitando-a com fixação.

- IDIOTAAAA! – ralhou Agatha, sacudindo-o pelos ombros – Não teve graça, Boo, não teve graça!

Agatha correu para fora do templo. Porém suas mãos ainda doíam, com grande força, uma dor que ela mal podia suportar.

Banhou suas mãos no primeiro rio que viu, um estreito rio de águas cristalinas. Uma lágrima caiu, criando uma oscilação na superfície das águas. Mas elas não vinham dos olhos castanhos de Agatha.

- Eu também costumava aliviar minhas dores aqui… – revelou uma mulher bonita, mas cujas mãos denunciavam-lhe as manchas senis – A muito e muito tempo!

- Como me encontrou? – perguntou Agatha,

- Pela perspicácia de suas amigas Lena e Vicky.

- Vicky não é minha amiga…

- Não a culpe pelo rancor que sente em seu coração querida…

Agatha levantou-se e sacudiu as mãos molhadas. Amélia a puxou pelo braço.

- Há muito o que contar, querida…

- Claro que há! – reagiu Agatha, ferozmente – Dezoito anos de mentira é um bom tempo, Vossa Majestade.

- Não gosto que me chame assim…

- E por que não devo? Afinal não sou sua filha, não tenho o sangue real… Nem sei se pertenço ao seu reino!

- Pare de me julgar… só quero que entenda a verdade…

Amélia Talidis era de longe a jovem mais promissora do Reino do Ar. Seu pai, o duque de Strattford, era um dos homens mais respeitados da região. Gozava de um grande prestígio junto ao rei.

Um prodígio! Aos quinze anos foi apresentada à corte, no baile, importantes figurões da alta sociedade do Reino do Ar, inclusive os príncipes, que lá estavam mais por obrigação que por prazer.

- Por que seus pais quiseram fazer essa festa chata? – perguntou o príncipe Victor, entediado – Sério, Amélia, baile de debutantes só serve pros pais ficarem se exibindo com os filhos.

- E você acha que eu tive escolha? – defendeu-se Amélia – Eles dizem que é importante, querem que eu me case.

- Mas você não vai topar né? – perguntou o príncipe incrédulo – Você prometeu que nós três: eu, você e o Thales faríamos Política juntos!

Amélia balançou a cabeça afirmativamente. Seus pais queriam mesmo que ela se casasse, ainda sim, permitiram que ela frequentasse a Universidade, a pedido do príncipe.

A morte do rei e a proclamação de guerra contra o Império do Fogo deixou o Reino atônito. Era precioso tomar providências e providências rápidas. A situação piorou quando a Rainha, muito querida pelo povo, definhou meses depois à morte do marido. Suas últimas palavras lamentaram sua fraqueza e por conseguinte, ela suplicou aos filhos que a próxima Rainha deveria ser forte.

- Amélia! – sussurrou o príncipe de madrugada, jogando pedrinhas na janela do dormitório. – Améliaaa, desce!

Amélia saiu pela janela, descendo pelas trepadeiras. Era frequente que o Príncipe a chamasse sempre daquela forma.

Eles se reuniram no lugar de sempre, abaixo do frondoso sabugueiro, às margens do Rio das Lágrimas. Para sua surpresa, Thales também estava lá.

- Mas, mas… – gaguejou Amélia – Eu não posso aceitar isto… Thales, você…

- Eu concordei – respondeu Thales friamente – É o nosso Reino, Amélia!

- Você é a única mulher que eu confio pra ser a Rainha! – argumentou Victor – Além disso, eu te amo, e você gosta de mim…

- Gostar não é amar! – exclamou enfaticamente antes de olhar para Thales, o namorado, suplicando que ele tivesse alguma saída brilhante para aquela situação embaraçosa – Thales…

- Amélia, pára de ser egoísta! – disse Thales – Nós não somos mais aquelas crianças bobas… nossos reis morreram, as pessoas precisam de nós, estamos em guerra! Se não agirmos logo seremos humilhados pelo Império do Fogo! É isso o que você quer? Deixar de ser a rainha para ser a escrava deles? Tudo em nome de…

- Amor! – Amélia enxugou as lágrimas. Parecia finalmente ter ouvido a voz da razão. Em algumas semanas, ela se casaria com Victor Tess e se tornaria a nova Rainha do Reino do Ar.

A barriga era demasiadamente pequena para os oito meses de gravidez. Apesar disso, as últimas semanas não tinham sido nada fáceis para ela. Agora Amélia estava no quarto, sofrendo as dores do parto, dores que há seis gestações ela esperava ansiosamente.

- Majestade… – o médico saiu do quarto com um pequeno embrulho nas mãos – Eu sinto muito, muito mesmo…

O rei carregou o corpo inerte do bebê. Ele acariciou o menino, seu sexto menino, morto.

- A Rainha já tem uma idade avançada – informou o médico – É melhor não tentar mais…

Amélia saíra do palácio logo no dia seguite. Mais uma vez ela perdera o único herdeiro do Reino, mais uma vez ela perdera a oportunidade de cumprir a promessa que fez a Thales. Uma retrospectiva passara por sua cabeça: a sexta gestação, seis crianças mortas prematuramente. Desistir de ser mãe? A idade lhe batia à porta. Se quando era mais jovem, não conseguira, por que conseguiria agora, com trinta e nove anos?

Sentou-se à beira do Rio das Lágrimas, o místico e legendário. Rezava a lenda que suas lágrimas vinham da humana que se apaixonou pelo Deus Sol no dia que perdeu para o mundo seus quatro filhos. Quem sabe uma mãe entenderia a dor de outra…

Um choro estridente. Lágrimas. Um bebêm uma menina de cabelos vermelhos boiava no rio.