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Louca/Estranha/Anormal/Distante/Fria/Egocêntrica E muitas outras mais... Autora de Angelus, Tokyo Revivers e A Cor da Lágrima, codinome: Horigome Namika

quarta-feira, 16 de junho de 2010

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A ESTÓRIA DE LENA - O SÁBIO DA INFINDA BIBLIOTECA
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Após duas semanas em casa, na Vila da Cascata, Lena Brown pôde lobrigar o quão sua Vila se afundava cada dia mais na miséria. Muitos já eram os que acreditavam tratar-se a situação de sua terra como castigo divino, castigo dos deuses por terem cedido tão facilmente ao domínio de uma nação estrangeira. Seu pai teve alguma melhora após a visita da filha, do neto e do genro, mas meses depois continuara a padecer da sua doença.
Lena corria contra o tempo. Foi mais cedo ao Reino cuja princesa era sua grande amiga com duas metas: passar no exame de admissão da Universidade e ser ajudada pelos médicos reais.
Assim que desceu do coche, os olhos verdes de Lena cintilaram-se perante ao imponente prédio. Poucas palavras poderiam descrever o que sentia perante à maior e mais bela Biblioteca que já vira, até mesmo em fotos.
Por dentro, a surpresa não era menor. O teto em abóbada parecia interminável, as paredes abarrotadas de livros. Um paraíso para qualquer rato de biblioteca como ela.
Tantos livros! E ela nem sabia por onde começar a procurar! Tanto o que saber e o que estudar!
- Por isso que digo que conhecimento demais faz mal – resmungou uma voz velha e etérea. Lena olhou para trás a fim de encontrar quem incomodova seu resguardo e silêncio e ficou surpresa ao ver a pessoa mais velha que já vira – Querem saber de tanto só pra se vangloriar do conhecimento supérfluo. Que gente sem amor ao conhecimento!
O velho olhou Lena fixamente. Seus olhos esbugalharam por entre os oclinhos de aro dourado. Eram extremamente azuis. Seus cabelos grisalhos e crespos confudiam-se com a barba extremamente grande. A jovem tentou desviar do olhar, mas já era tarde. O velho mancava com o cajado de madeira velha em direção à sua mesa.
Lena tremia ante a observação do velho, perdera a concentração. Ele sentou-se na cadeira em frente a sua e pôs-se a estudá-la com afinco.
- Já perdeu a concentração, menina? – grasnou – Tsc, tsc… mais uma que finge que lê.
Já havia sido insultada de várias coisas. Mas falsa estudiosa? Disparate à sua honra.
- Pare de me importunar!
- Só me diga quem está tentando impressionar.
- Não quero impressionar ninguém. Nunca tive ninguém pra impressionar. Só preciso passar no vestibular pra Medi…
- Eu sabia! Eu sabia! – o velho começou a gritar, chamando atenção dos outros frequentadores da biblioteca – Mais uma dessas jovens que buscam na medicina um status.
- O senhor não me conhece e nem tem o direito de me julgar… – Lena começou a lacrimejar de raiva do velho e levantou-se impetuosamente. Pôs o livro na prateleira e encaminhou-se para uma sessão bem longe do ancião.
- Então me conte a sua história! – a voz do senhor inconveniente a surpreendeu, visto que a morena havia se distanciado consideravelmente – Prove-me porque é diferente de todos aqui!
- Não preciso provar nada a ninguém e muito menos ao senhor! – Lena reagiu com impaciência. – Quer me deixar em paz por favor!
- Estrangeira, pobre, deixe-me ver… algum parente perto da morte! Pai talvez?
- ME DEIXA EM PAZ! – Lena fez a coisa mais impensada. Arremessou o único objeto que tinha à mão, um livro velho e pesado. O velho se desviou com imensa facilidade, deixando Lena estupefata.
- Eu sabia, desde o momento que você passou por essa porta, que você era diferente dos outros jovens.
Lena sacudiu a cabeça, sentindo que não deveria perder seu precioso tempo com aquele velho maluco. Sentou-se novamente na mesa e começou sua leitura pelos vários livros que deveria estudar. O velho, porém, não parou de observá-la estudando, causando na jovem uma grande irritação.
- Tem certeza que essa equação está certa?
- É claro que tenho – reclamou Lena, rispidamente.
- Porque esta não é a fórmula de Lenz. Não é a fórmula certa.
- A fórmula de Lenz não funciona em todos os casos. Veja! – Lena apontou com a ponta do grafite para uma das constantes – Essa constante pode variar quando o número alfa pertence à ordem dos irracionais!
O velho reclinou-se e esboçou um sorriso com o canto da boca. Logo depois, voltara com toneladas de livros e pondo-nas sobre as vistas da jovem futura médica.
Todos os dias enquanto estava lá, sentava-se na mesma mesa e estudava todos os livros que o ancião colocava sobre a mesa. Aos poucos, Lena Brown perdeu a antipatia que sentia por ele, e admirou-o pelo conhecimento que ele tinha desde história social a metafísica. Mas o que a surpreendeu mesmo foi o modo como falava da religião. Ao contrário do que esperava dos homens cultos, o  Ancião era extremamente místico.
- Não acredito em deuses porque simplesmente é muito mais fácil para as pessoas atribuírem o que acontece de bom ou ruim em suas vidas à eles – respondeu Lena, quando o Ancião lhe perguntara a respeito da razão de sua descrença – Sou racional, acredito na ciência e que tudo tem uma razão de ser.
- Nem acredita que os reis são escolhidos pelos deuses?
- Reis escolhidos pelos deuses? Eu não devo acreditar que uma criatura mesquinha e asqueirosa como Ivan Gardner seja realmente escolhido por “deuses”. E o Rei da República da Terra? Está nas últimas e entregou seu país a dois cônsules que não fazem outra coisa a não ser enganar o povo! Sem contar com a Realeza da Água! Um monte de covardes e corruptos que venderam seu povo em troca de joias! Isso é ser escolhido pelos deuses? Isso é ser descendente direto dos deuses no mundo?
- E quanto à sua amiga Agatha Tess? Você acha mesmo injusto que ela seja a futura governante desse país?
- Agatha é diferente! Ela é uma pessoa generosa demais, benevolente, justa!
- Sim, minha querida! É muito mais fácil pros humanos acreditarem nos deuses e dispensarem bibliotecas infinitas como as nossas! Mas pense nisso: os humanos não acreditam em deuses porque é mais fácil, mas sim, porque simplesmente há mistérios que nunca conseguiremos compreender enquanto pensarmos com nossas cabeças cercadas de pré-conceitos, amargura e ignorância.
- Ainda assim, não consigo aceitar isso!
- Sua cabeça não está pronta pra transcender tudo isso, querida, pelo menos não por enquanto. Mas logo logo estará pronta.
- Para quê?
- Para mudar a ordem desse mundo.
- Mudar a ordem de um mundo imutável? – Lena franziu o cenho, desconfiando da veracidade das palavras que ouvira.
- Você saberá quando compreender que até o Império do Fogo teve um dia negro.
Frase vã de um típico velho sábio. Mas, depois de tantos e tantos dias caminhando pela Infinda Biblioteca, a jovem não mais encontraria o Ancião que tantas vezes lhe inquietava com suas premissas estranhas.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

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Dezoito anos, dezoito anos. A idade de mudar para todos os jovens, especialmente as garotas. Às mais modernas, o momento de sair da casa da família e experimentar o vigor da universidade. Às mais tradicionais,  hora propícia para casamento. Mas no caso de Agatha, dezoito anos representava algo além de tudo isso. Representava a transição da princesa para a rainha.
Sempre tivera consciência de que cedo ou tarde assumiria aquele país, afinal esse é o papel de uma princesa herdeira não? As leis de seu reino diziam que um novo regente é coroado somente quando o rei completasse sessenta anos e seu herdeiro vinte e um. E talvez essa fosse a razão dela estar tão apreensiva. No ano em que completaria vinte e um anos, sua mãe, a Rainha, seria sexagenária. Ascenderia ao trono com a idade mínima. Só restava-lhe três anos, três poucos anos para se tornar verdadeiramente adulta.
Abriu o closet e dele retirou um pequeno livro. Bonito e entalhado requintadamente com ouro e pedras preciosas.
Entretanto, o que mais lhe importava não era a riqueza da capa e sim a adornada letra que lhe dava nostalgia. Doces lembranças que permearam suas dezoito primaveras, hoje, sonhos e sorrisos febris. Entre todas as muitas palavras, uma escrita milhares de vezes tocava-lhe o coração e o fazia acelerar freneticamente: Dimitri, seu primeiro amigo, protetor, o primeiro que retirou a tristeza de ser magnificada de sua alma e a compreendia pela pessoa que era. Nunca teve coragem de dizer uma só palavra a ele. Elas pareciam faltar-lhes e não ser suficientes de descrever o que ele representava pra ela.
Ela confessou seu amor, ou pelo menos para seu diário. Dizer “eu te amo” palavras tão simples e ditas demais ao menos em seus sonhos. Mas ali, naquela página amarelada ela parecia soltar-se com maior facilidade que em seus lábios e sua voz. Uma princesa não poderia confessar seu verdadeiro sentimento? O medo de não ser amada justificava, parcialmente, sua pequena confidência ao papel. Ela conhecia Dimitri mais que ninguém. Certamente ele se sentiria obrigado a retribuir seu amor, mesmo que não tenha esse sentimento genuíno em seu coração. Nessas horas, nutria um imenso anseio de não ter o sangue real correndo nas veias e a tiara cintilando em sua cabeça.
- Até pra ser cara-de-pau tem limites! – esbravejava uma voz firme no corredor.
- Ah pára com isso – retrucou a outra – Agatha é nossa amiga não é? Por que não nos receberia aqui?
Agatha reconhecera imediatamente as vozes que brigavam no corredor. Sem nenhuma dúvida, pertenciam às suas grandes amigas.
- Pra quê a discussão? – perguntou a princesa serenamente – Eu não convidei as duas para visitarem o meu reino?
- A culpa é toda da dona certinha aqui – acusou Vicky, indicando Lena Brown com a cabeça – Eu sempre disse que você não se imp… Uau! Quem é esse gatinho?
Agatha tomou das curiosas mãos de Vicky o porta-retrato prateado com a foto sorridente dela e de Dimitri.
- Não é meu namorado, é meu segurança!
Vicky levantou uma sobrancelha e deu um sorriso bem largo e brilhante. Lena, percebendo o momento constrangedor, deu um pisão no pé da loira, que urrou de dor.
- Foi até bom que vocês vieram mais cedo! – Agatha mudara de assunto e, convidando as amigas para se sentarem, começava a escolher mentalmente as palavras que utilizaria. – Acho que vocês devem saber que… bem, dezoito anos na realeza significa algo bem especial.
Vicky e Lena apuraram os ouvidos. Conforme Agatha previra, nenhuma das duas tinha ideia da dimensão de seu Baile.
- Daqui-a-três-anos-eu-vou-ser-Rainha-e-mamãe-vai escolher-um-noivo-pra-mim! – Agatha disse rapidamente, como se a velocidade das palavras tornassem o seu discurso menos chocante.
- Você vai se casar? – perguntou Lena, boquiaberta.
- Você nunca disse que tinha namorado… – lembrou Vicky
- E não tenho! – corrigiu a princesa – Não sei com quem eu vou me casar!
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